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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

A UTOPIA DA PERFEIÇÃO


 Perfeição...

busca incessante e perversa

montanha impossível de escalar

onde muitos e muitos em vão

tentam por tudo alcançar

 

Aquele caminho sem arestas

sem desvios

marcha reta

sem surpresa

como espelho sem suspiros

 

Na busca da perfeição

perde-se o que é real

a falha doce do riso

o tropeço natural

 

Quem nunca erra

não vive

quem não chora

não se dá

a beleza não é rígida

é torta, viva

a definhar

 

A utópica perfeição

sem janelas pra sonhar

é um caminho sem caminho

sem estrada para andar

 

Mas a imperfeição…essa dança!

com pés assentes no chão

é um caminho a percorrer

onde a alma vai morar.

 

Mário Margaride



sexta-feira, 10 de outubro de 2025

O LASTRO DA ILUSÃO


 Na rua estreita da mente vazia

se prometem mundos

sem chão nem razão

e na noite escura 

caminha sorridente a ilusão

vestida de dia

com olhos pintados

de falsa paixão

 

A irresponsabilidade, rindo ao lado

foge do peso, do tempo, do fim

atira promessas num dado viciado

vive de instantes

sem rumo 

sem sim

 

Constrói castelos de vento e espuma

cada passo

um salto no sono

onde o real se afoga e se esfuma

e em cada escolha

um eco sem dono

 

Mas quando a névoa enfim se dissipa

resta o vazio, o rastro, o lamento

e a verdade, nua, se precipita

de quem trocou vida por fingimento.

 

Mário Margaride


Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!

domingo, 5 de outubro de 2025

CRIANÇA

 Donzela doce criança

sofres contida, tua dor

porque te tratam assim

não tens direito ao amor…!

 

Sofres dor que não querias

grita quando ela te dói!

grita sempre não te cales!

a dor contida, corrói…

 

Mário Margaride

04-2007


sexta-feira, 3 de outubro de 2025

COM O NARIZ EMPINADO


 Com nariz empinado só olha para cima

despreza os passos de quem o guia

e cada verdade que o mundo ensina

é soterrada na sua ironia

 

Fala alto, mas ouve tão pouco

julga-se sábio, mas nada aprende

na pressa de se ver como um louco

que só a si mesmo se compreende

 

A arrogância, fera disfarçada

cobre o peito com ouro e desdém

mas a alma, por dentro, está calada

com sede de tudo e cheia de ninguém

 

E um dia, no eco da sua voz oca

vê ruir a torre feita de orgulho

descobre que a queda é sempre mais louca

quando se constrói sem chão, mas sim com barulho.

 

Mário Margaride

Feliz fim de semana!

Beijos e abraços!

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

NOS ESCOMBROS DA CIVILIZAÇÃO


 Nos escombros da civilização

os abutres vasculham os despojos

lambuzando os restos nauseabundos

no chão negro da desolação

 

O silêncio sufoca a dor

e o grito emerge pungente

da penumbra da escuridão

onde a indiferença sorri

em todo o seu esplendor

 

Nesta asfixia repugnante

onde a impotência é atroz

jaz no chão moribundo

o grito impotente

da nossa indignação.

 

Mário Margaride

27-09-2025