Observo os passos da noite
na sua absorvente e longa caminhada
que nos envolve e nos abraça
no seu inebriante sono
tomando conta da nossa mente
nos embriaga
no torpor dos seus sonhos
indecifráveis
Os seus passos cadenciados
marcam o compasso
do nosso adormecer
nas madrugadas incolores
que abrem as portas semicerradas
do nosso sobressaltado
alvorecer
Silêncio branco
na noite escura de breu
onde a mente se apaga
no tumultuoso sonho
que a invade
como um enorme manto de neve
gelando todos os sentidos
cristalizando as emoções
A noite se despede
com um brilho ofuscado
na face enregelada
do sonho que não sonhou
do corpo que não dorme
num compasso descompassado
onde a noite acorda
do silêncio dos seus passos.
Mário Margaride